Sai de casa, almocei e atravessei a rua. Boa tarde, uma meia, por favor. Obrigado. Olhei no relógio e vi que iria esperar um bom tempo. Locadora, banco, pessoas. Começa uma tímida fila. Pelo menos eu já estava nela, até porque a sala era pequena.
Entrei, sentei, luz, câmera, ação. Começava ali um dos filmes mais tristes que já vi. Sempre fui tocado pela temática do Holocausto. Creio que procuro tentar entender como o homem foi capaz de tamanha atrocidade com seu semelhante. A coisa é sempre muito chocante. E ali, na minha frente, a telona me mostrava mais uma vez isso. O menino de pijama listrado traz a história de Bruno, filho de um grande oficial do exército alemão, que muda para o interior da Alemanha e descobre um campo de concentração no “quintal” de casa. Ao explorar os arredores, ele conhece Shmuel, um judeu de oito anos que está do outro lado da cerca.
A amizade desenvolve-se por ali, através do arama farpado e eletrocutado. Bruno, nos seus oito anos, tenta entender aquilo. Seu amigo sabe bem, mas ele, embebido de uma pura inocência, não vê o horror de um campo de concentração. Seu pai, oficial responsável pelo CC, é seu herói, detentor de sua admiração. Mas Bruno não consegue entender as proibições de sua mãe. Ela sabe o que foram fazer ali, mas choca-se ao descobrir o que é feito lá. E o filme vai atingindo seu clímax.
A forma como o diretor Mark Herman mostra as atrocidades cometidas pelos nazistas contra o povo judeu é de uma sutileza impressionante. Nada é exposto. Tudo velado, mas que não precisa mais do que aquilo para chocar. O filme se torna tão denso e tão leve ao mesmo tempo, que este paradoxo te prende. Não há como desgrudar os olhos da tela. A suavidade dos diálogos e das cenas surpreende. E muito é conduzido pelo olhar dos personagens. As transformações estão ali. Principalmente atrás dos belos olhos azuis do pequeno Bruno.
Os aspectos técnicos também de me chamaram a atenção. Fiquei encantado com a fotografia. Sempre busco olhar este quesito. Ela vai do colorido inocente ao cinza da mazela humana. A fronteira entre os dois é tênue. Apenas a cerca cinza e brilhante.
PS: Fiquei impressionado como a Vera Farmiga lembra a Cate Blanchett.
Vera e Cate
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