domingo, 22 de fevereiro de 2009

Esperança materna

Semana cheia de filmes dá nisso, três resenhas seguidas. Na verdade, foram quatro, se contarmos que há uma sobre um documentário e show, todos os dois no mesmo dia. Creio que me empolguei, pois fazia um tempo que não curtia um momento tão bom: idas ao cinema várias vezes. O melhor de tudo numa companhia que adoro: a minha. Por incrível que pareça, minhas últimas idas ao cinema tem sido assim, mas não me sinto solitário. Sei que tenho amigos cinéfilos que sempre aceitam um convite, caso não tenham ainda visto o filme selecionado.

Mas estive mais que determinado a ver A troca, de Clint Eastwood. Baseado em uma história real, o filme narra o desaparecimento de Walter Collins, um garoto de oito anos que sumiu em 1928. Abandonado por seu pai às vésperas do nascimento, o garoto morava com a mãe, Christine, uma supervisora do serviço de telefonia de Los Angeles. Um dia, ela chega do trabalho e seu filho não está mais em casa. No desespero de qualquer mãe, ela liga para a polícia e começa o desenrolar da trama.

Cinco meses se passam e a corrupta polícia de LA apresenta outra criança como sendo Walter. Christine inicia, nesse ponto, sua batalha contra um sistema que se utiliza de violencia e artificios para ficar “bem” com a imprensa. Ainda mais com as denuncias do pastor presbiteriano Gustav Briegleb, em seu programa de radio, sobre como agem os policiais do LAPD (Los Angeles Police Departament). Tudo tem um peso político.

O enfrentamento ao sistema leva Christine à internação forçada, para que ela não enfrente à policia, principalmente o Capitão J.J. Jones. No sanatório, ela conhece uma prostituta que explica como funciona todo o esquema de quem tenta enfrentá-los. O código 12 é sinônimo de injustiça. Sua nova amiga dá as dicas de como ela deve se comportar para não enlouquecer de vez.

A reviravolta ocorre com a deportação de um garoto de 12 anos para o Canadá, que muda todo o rumo das investigações. Isso tudo leva à libertação de Christine e ao clímax do filme.

Uma coisa que me encantou na história é que ela não é nada piegas, como muito podem pensar: mais um filme sobre uma mãe procurando um filho desaparecido. Não sei se o charmoso período dos anos 20/30 contribui para essa visão, mas a história é cheia de esperança. A atuação de Angelina Jolie como a sofrida Christine é estonteante. Seus olhos e seu olhar são fundamentais para a caracterização da personagem. Não é à toa que a moça foi merecidamente indicada ao Oscar de Melhor Atriz (não vi os outros filmes para comparar).

Os aspectos técnicos não me chamaram tanto a atenção. Creio que todo filme de época possui destaque para a direção de arte, tanto que há uma indicação, mas esse não me empolgou como em O curioso caso de Benjamin Button, de David Fincher. A fotografia e a direção de arte são ótimas, mas não acho que sejam páreas para o filme com Brad Pitt.

Creio que o filme foi muito bem construído. Você não sente o tempo passar. Não é cansativo. Ele prende sua atenção. Chama para a história. Até quando ela mostra o seu lado mais brutal e macabro. O enojar é natural. A revolta faz parte do ser humano. Dera que o ato de revoltar não causasse mais mazelas, principalmente aumentando a negligência ou o senso de justiça com as próprias mãos.


Olhos da esperança

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