O texto trata de encontros e desencontros dos moradores de uma pequena cidade à margem de uma linha férrea. São três os personagens principais: Tomás, Cecília e Luiza. Cada um com uma bagagem, um sofrimento, uma lição de vida. As interpretações são um caso à parte. Os atores parecem brincar de interpretar, tamanha a suavidade com que dão vida aos personagens. Tudo com naturalidade: choros, risos, dor, amor.
Voltando ao enredo. O trem que traz as correspondências e o carteiro, que não passa de um bêbado fuxiqueiro, dão vida à pacata cidade e transformam a vida dos três amigos que resolvem apagar as lembranças, sejam elas boas ou doloridas. Para Tomás, o importante é seguir em frente, sem ter que viver com o mofo e o bolor do que já passou.
E é quando eles resolvem seguir em frente que tudo começa a andar para trás. Não há como fugir dos problemas. Eles sempre te seguem, seja pela linha do trem, seja pela errante estrada da vida. Tantos questionamentos surgem para eles, que não há como o público escapar. Ele se pega pensando, refletindo a respeito daquilo tudo. Pelo menos, eu me peguei assim. Cheguei a me angustiar várias vezes com o som do trem que chegava. Olhava a imaginar o quê ou quem desceria dele. Até passou pela cabeça a música do Nando Reis, pois “aeronaves seguem pousando, sem você desembarcar ...”.
Em aspectos técnicos, cenografia, luz e som estavam ótimos. Trilha sonora de “responsa”, indo de uma gaia a tocar Somewhere over the rainbow à voz estridente de Janis Joplin nos versos de Cry baby. Tudo está muito bem. Texto, parte técnica, interpretações. Fica difícil até dizer o que era o melhor da peça. Mas não dá para não falar da incrível Simone Mazzer, que vive a sofrida Luiza, que “passeia” pelo palco da Fundição. Ela sai de cena com um discurso de arrepiar. E que vou procurar a ter mais em minha vida, principalmente neste ano que ainda é tão novo. Então, meio que parafraseando a Luiza: tchau Luis, que sonhava acordado com o inesperado. Tchau Luis, que tinha medo de viver. Tchau Luis, que consegue enxergar melhor agora o que sempre sentiu. Tchau Luis, que vai olhar para frente de cabeça erguida. Tchau Luis, que se foi após ter uma epifania e não tem mais inveja dos anjos.
Serviço
Local: Fundição Progresso - Espaço Armazém
Endereço: Rua dos Arcos, 24, Lapa (2210-2190)
Capacidade: 126 pessoas
Dias: Quinta a Domingo
Horário: 20 horas
Custo: R$ 30 (Estudantes e idosos pagam meia)
Duração: 1h45
Data: até 26 de abril de 2009
Ficha Técnica
Direção: Paulo de Moraes
Dramaturgia: Maurício Arruda Mendonça e Paulo de Moraes
Iluminação: Maneco Quinderé
Figurinos: Rita Murtinho
Cenografia: Paulo de Moraes e Carla Berri
Trilha Sonora (Composição e Pesquisa): Ricco Viana
Projeto Gráfico: Alexandre de Castro
Assessoria de Imprensa: Mônica Riani
Produção Executiva: Flávia Menezes
Produção: Armazém Companhia de Teatro
Patrocínio: Petrobras
Elenco: Marcelo Guerra, Patrícia Selonk, Ricardo Martins, Simone Mazzer, Simone Vianna, Thales Coutinho, Verônica Rocha.
3 comentários:
Adorei o texto Luís, muito bom!
Oi Luís...
Posso copiar o texto?
Adorei!
bjs
OLA! GOSTARIA DE SABER SE VC SABE OS NOMES DAS OUTRAS MUSICAS DO ESPETACULO.
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