sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Amarras

O peso das amarras e das correntes já fatigava aquele corpo. Era notório que não consegui mais se ergue. A curvatura de seus ombros acentuava-se, apesar do enforco em ficar de pé, firme, com a cabeça erguida a olhar para o horizonte. Não sabia direito a quanto tempo estava preso ali, com as correntes a envolver-lhe o corpo. Sabia que eram meses de aprisionamento, mas que no início nem sentia.

Fora jogado ali de forma injusta e sem direito a habeas corpus ou qualquer tipo de defesa. Vez ou outra, via o guarda aparecer na janela. Enchia-se de esperanças a pensar que ele iria abrir a porta e deixá-lo ir embora. Ledo engano. Estava ali apenas para fiscalizar, torturando a mente de quem continuava sozinho numa cela escura e fria.

De repente, ouviu ao longe um som. Concentrou-se. Quis entender o que aquelas palavras significavam. E, quando deu por si, estava do lado de fora da prisão. Livre de suas amarras que faziam seu corpo pender. Não lembrava como ou porque saiu da clausura, mas, de uma coisa tinha certeza, precisava correr. Não sabia quanto tempo duraria a sensação de vento ao rosto. Só sabia que, mais cedo ou mais tarde, iriam pôr-lhe novas amarras.

Um comentário:

Amanda disse...

Por vezes, os cadeados estão abertos e as grades, apenas encostadas. O peso que nos forçamos a carregar, ou o não saber para onde ir, é que nos impede de sair... mas para que tanto receio se o sol brilha tão lindo do lado de fora??