sábado, 25 de outubro de 2008

No mundo da bola


Engraçado, cresci numa família que nunca foi muito fã de esportes, exceto meu pai, que não “perde” uma partida de futebol na televisão. Não teria porque ter influências dessas atividades, mas gosto muito. Não de todos os esportes. Nem sou tão fã assim de futebol. Não sou daqueles que o mundo se acaba quando vê seu time perder, que reclama do técnico, que fala de táticas e tal. Sempre gostei dos esportes menos midiáticos ou não tão populares quanto o futebol.

Mas, se tem uma coisa que eu admiro, é a imagem de um torcedor. Não gosto dos fanáticos e nem dos “flanáticos”, mas o bom torcedor é sempre bom de ver. Preocupado com o time, sofre, chora, ri, grita, vibra. Sempre cometido.

Aprendi muito com isso quando vim morar no Rio, principalmente quando fui morar só. Quantas vezes me peguei correndo para ligar a TV ou mudar de canal pela gritaria que os cariocas fazem ao comemorarem um gol. O mais estranho é que você nunca sabe qual foi o time que colocou a bola para dentro. A algazarra é tanta, que só vendo o jogo para saber quem foi o autor da alegria. Eles não torcem para que o time da cidade ou do estado se dê bem na competição, caso o seu não esteja participando. Querem é a derrota. Inveja pura.

Os cariocas não são companheiros futebolísticos dos outros times. Se o Flamengo está jogando e leva um gol, fluminenses, vascaínos, botafoguenses e mais qualquer outro time que rivalizar com o rubro-negro vibram como se o seu time tivesse marcado um em cima do arqui-rival. Detalhe, isso vale para qualquer time. Não importa a cor da camisa. Sempre será um festival de gritos, contras ou a favor.

As noites de quartas-feiras é que são as mais perceptíveis. Procuro sempre deixar a janela aberta para ouvir as reações, por mais que eu esteja fazendo algo completamente diferente. Sentir essa vibração, essa paixão do outro por algo que não é tão importante para você é interessante. Permitir-se entrar em sintonia com essa energia.

Outro aspecto que vejo sempre nessa rivalidade-cumplicidade é como as pessoas mexem com as outras nas ruas, mesmo sem se conhecer. Basta ter alguém com a camisa do seu time e pronto. Alguém grita: manto sagrado. Outro chega comemorando junto. Vem mais um e passa ridicularizando, desdenhado. Os olhares e os gestos mostram que eles são mais interligados do que pesam. Isso vale também para as conversas de colegas, sejam de trabalho ou academia.

Não lembro se na minha cidade as pessoas também fazem isso. Sempre fui muito desligado do mundo futebolístico. A única lembrança que tenho é dos buzinaços após cada jogo, principalmente se o time da casa ganha o jogo ou o título. Barulho mesmo só escutava perto dos estádios. Algazarra geral somente em jogo da seleção brasileira. Ai, tudo vira festa e desculpa. Mas isso é a visão de uma pessoa que curte futebol, mas que não tem a vida regida por ele.

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