sábado, 11 de outubro de 2008

Azedo como um limão

Epifania significa revelação. É tudo aquilo que te leva a ter consciência de um fato da vida. Da sua vida. Pode ser um comportamento, um entendimento, ou apenas um conhecimento. Já tive inúmeras em meus vinte e tantos anos, mas nenhuma me levou a me questinoar tanto como a pergunta de uma colega. E foi algo tão simples, mas que mexeu bastante numa mente que não para de pensar no universo que nos rodeia. Algo que surgiu como uma brincadeira, mas que abriu as portas para um outra dimensão: Vem cá, você chupou limão hoje? Como uma pergunta assim te deixa tão vulnerável.

Momentos antes eu havia respondido uma pergunta, mas que não sabia a resposta e nem porque ela estava sendo direcionada a mim. Vai que respondi meio seco, meio sarcástico. Porém eu sempre respondo meio assim. Então comecei a me analisar para saber se eu era grosseiro sempre ou quando isso se revelava. Foi quando comecei a vasculhar meu interior e ver onde estava errando.

Passei dias com o limão na cabeça. Mas isso era pouco e acrescentei um pouco de fel, para saber também se era amargo. Nunca me considerei assim, azedo e amargo. Mas vai que eu sou assim e ainda não ganhei consciência disso, ainda. Também ninguém me disse isso diretamente. Porém, pessoas “noiadas” pensam tudo o que pode acontecer. Vai que o azedume foi uma coisa de momento? Mas vai que não é?

Mas isso faz parte de imagens que construímos sobre nós mesmos. Afinal, somos compostos por três Eus: aquele que realmente somos, aquele que mostramos para as pessoas, e aquele que as pessoas acham quem nós somos. Se bem que este número pode crescer e, por isso, é melhor termos só esta “tripla” personalidade. Fica até mais fácil de nos entendermos. Sé é que isso é algo possível. Sei que sempre buscamos meios para nos compreendermos, mas não sei se estamos preparados para nos conhecermos. A idéia que temos de nós pode ser despedaçada.

Creio que somos como um quadro abstrato, onde temos que interpretar as ações e os sentimentos. Até porque, quem nunca se remoeu por estar sentindo algo que não era para estar sentindo naquele momento ou que achava que não devia expressar isso. Isso meio que veio até por uma colega psicanalista, quando conversávamos sobre formar de expressar sentimentos. Afinal, quem disse que não podemos chorar quando estamos tristes? Por que ter vergonha de derramar lágrimas, se algo nos está machucando e a saída para aliviar aquilo é o choro?

Agora, revisando este material, é que eu vi que fui mudando de assunto, mas que não sai do tema, que são a imagens que construímos de nós mesmos. Afinal, o ser humano se utiliza de imagens para se comunicar. E mesmo aqueles que não podem ver ou para aquelas imagens que não temos como ver, sempre há uma descrição que nos faz criar uma idéia do que é em nossa mente. Ou nunca ninguém se perguntou: eu imaginava isso bem diferente?

Um comentário:

Anônimo disse...

esse azedume deve ter sido passageiro, tenho certeza. quem te conhece de verdade sabe que tu é doce. mais doce que doce de batata doce.
:*