sexta-feira, 18 de junho de 2010

Retorno de Saturno

Passei vinte e nove meses num navio
E vinte e nove dias na prisão
E aos vinte e nove, com o retorno de Saturno
Decidi começar a viver.

Vinte e Nove – Legião Urbana

As vésperas de completar um ano saturniano, que equivale a 29 anos terrestres, comecei a pensar em várias facetas da vida. Principalmente na tal crise dos 30 e que muitos dizem que chega aos 29. Isso me faz tentar entender o porquê de tantas mudanças. Sei que há ligações com à astrologia e mitologia, afinal, Saturno é o deus romano do tempo. Mas muito mais com a sociedade que nos cerca.

Em uma rápida visita ao Google e digitando palavras-chave para o que estava interessado em ver, creio pude enxergar alguns motivos que te levam a repensar, por este perídio na vida, nas coisas que se almeja. A astrologia explica que por volta dos 28-30 anos, o planeta Saturno completa toda a volta no Zodíaco, chegando ao ponto inicial de quando a pessoa nasceu. Seria um novo renascimento astral?

Acredito que muita gente repensa nas atitudes anteriormente tomadas quando chegam nesta idade não (só) por questões astrológicas, mas pelo contexto histórico-social. Quem nunca escutou um familiar (escolha o seu) falando que, quando tinha 28/29 anos, já estava casado, com filhos, casa própria? Era uma idade que se esperava a estabilidade, as definições de papéis sociais e, até mesmo, suas inversões.

Hoje, tudo é muito diferente. Ninguém mais analisa a sociedade alterada, em que há surgimentos diários de novos conceitos, de novas expectativas. O homem está (bem) diferente daquele de 20/40/60 anos atrás. Não há como comparar. Nossa sociedade modernizada preconiza novas atitudes. Era impensável um casal decidir não ter filhos nos anos 40. Hoje, é muito comum. E ninguém reclama (abertamente).

Li um artigo astrológico sobre o retorno de Saturno. Muito do que ele mencionava sobre os anseios, os desejos, as vivências, a nova sociedade te impõe mais cedo. Daqui a um tempo não será o Saturno o regente das crises pessoais e sim Mercúrio, com seu ano de 88 dias terrestres. Hoje, já aos cinco anos, as crianças são cobras com o que vão ser quando crescer não mais como uma brincadeira. Os pais já vão pensando na melhor escola que vai ajudar a passar no vestibular para a melhor faculdade. E por ai vai.

Fico feliz de ter nascido 29 anos atrás e que isso me permitiu ter uma infância. Correr na rua, subir em árvores, fazer amigos, pular corda, construir meus brinquedos, ouvir músicas infantis de qualidade. Hoje, o comportamento é diferente. A criança não quer ser mais (tão) criança. E acho que nem devemos cobrá-las por determinadas atitudes. Elas fazem parte de nossa nova sociedade, que a cada dia adquire uma nova feição.

Olho para trás e não me arrependo de nada (ou de pouca coisa). Estou feliz com as atitudes que tomei e que venho tomando, principalmente nos últimos anos. Quebrar a cara faz parte do joguete da vida. Resta-nos tirar o melhor proveito disso tudo, das boas e das más escolhas. Não sei onde vou estar daqui a cinco anos, mas sei o que devo buscar para me manter feliz. Haverá pedras neste caminho? Sempre. Mas não as temo.

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