Acredito ser um dos poucos brasileiros que não se empolga em ver jogo do Brasil na Copa do Mundo. Tanto que estou no meu computador do trabalho, escrevendo este post. Todos a mirarem a televisão e eu a ver as letras surgirem numa página do Word. Queria ver isso também em outros eventos esportivos, não somente no futebol.
Acredito que venha daí o meu desgosto com a seleção brasileira masculina de futebol. A supervalorização de algo que não mexe em nada com nossas vidas, exceto com o humor de muitos. Fora isso, não há tantos acréscimos. Sei da indústria por trás disso. Não a que exporta jogadores, mas a que garante a sobrevivência de inúmeras famílias que vivem da formalidade e da informalidade das atividades paralelas.
Olho ao meu redor e vejo apenas seis pessoas que não estão a ver o jogo. Brasil e Portugal. Vale a primeira colocação no Grupo G da Copa do Mundo da África do Sul. Todos se entendem em campo. Afinal, eles nos deram a língua portuguesa e nos fizeram a maior nação dela.
190 milhões de brasileiros contra 11 milhões de portugueses. Mais de 17 vezes mais na população. Duas nações que dependeram e que dependem ainda uma da outra. Por muito tempo, nos nossos tempos de colônia, fomos siameses. Afinal, éramos uma só unidade.
Vindo para o trabalho hoje, vi que todos estavam de verde e amarelo pelas ruas. Metro vazio, ruas esvaziadas. Ainda é sexta-feira, dia normal como outro qualquer. Mas brasileiros, que muitas vezes só enxergam o patriotismo em época de Copa, resolvem parar tudo. Quando não, tentam acompanhar de alguma forma a narração da partida.
Fiquei feliz com as Olimpíadas de Atenas, quando não houve a participação da seleção masculina de futebol e pudemos acompanhar os outros esportes. Corrigindo, quem quis acompanhar. Muitos nem se deram ao trabalho, já que não estava ali a seleção. Bom exemplo disso é que há poucos dias a Daniele Hypolito ganhou duas medalhas, sendo um ouro, em uma competição importante da Ginástica Artística e nada se viu. A mídia se focou na África. O resto é resto. Quem se importa...
Queria ver esse empenho na copa - em organizar festas, enfeitar ruas e vibrar de orgulho - em outros períodos, principalmente no eleitoral. Afinal, eleições são mais importantes que 22 jogadores correndo atrás da pelota. Este ano, está valendo o cargo máximo do país que tanto ouço reclamações, mas que ninguém se empenha em vibrar e torcer por um futuro melhor. Queria ver essa energia empregada em mudar o mundo. Será que dá?
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