quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Besouro ninja

Ginga para o louva-deus baiano

Indicado para a pré-lista brasileira dos filmes a concorrerem ao Oscar, Besouro, do diretor João Daniel Tikhomiroff, traz o mundo místico da capoeira em uma época de repressão à comunidade negra no Recôncavo Baiano, mesmo depois de anos da Abolição da Escravidão. O filme narra a história de Manuel (Aílton Carmo), batizado de Besouro nas rodas de capoeira, que tenta seguir os passos de seu mestre e livrar os negros da opressão e do coronelismo da cana de açúcar.

Com o misticismo dos orixás, Besouro tem o corpo fechado para lutar em prol da total liberdade, inclusive para a própria capoeira, que foi proibida por anos em nossa sociedade. Com a força de Exú, o personagem recebe até o dom de voar. Mas a rapidez e o gingado do herói não conseguem emplacar o filme.

Tecnicamente redondo e com uma bela produção, mas o fraco roteiro não convence. As atuações são regulares e inúmeros potenciais surgem. Destaque para o Coronel Venâncio (Flavio Rocha) e seu capanga Noca de Antônia (Irandhir Santos). Este brilhando mais uma vez, depois de seu show no filme Olhos Azuis, de José Joffily, onde vive um imigrante brasileiro tentando retornar para os Estados Unidos.

Fica difícil apontar o calcanhar de Aquiles de Besouro. Ou falta roteiro para uma boa história ou a história, apesar de interessante, não rende um bom roteiro. A fragmentação é tanta que chega a margem da chatice. Pode será até falta de costume com roteiros não lineares, mas as bruscas mudanças e os entrecortes das cenas fazem o espectador olhar para o relógio. E olhe que o filme é curto. Mas a culpa é do enredo, que tornou tudo cansativo.

Mas devemos reconhecer que a película foi muito bem produzida, dirigida e editada. Os efeitos visuais simples ajudam ainda mais. A edição rápida, mesmo quando é brusca a mudança do foco, e bem casada com a bela trilha sonora é outro ponto forte. O conjunto técnico de direção de arte com fotografia não deixa nada a desejar para muitos filmes hollywoodianos. O jogo das cores é fascinante.

Falta gingado no roteiro. Sobra presteza na técnica. E agora Besouro?


- Quero ser Besouro, porque é preto e avoa.

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