
Com a difícil convivência entre humanos e camarões, eles foram proibidos de circular livremente pela cidade, sendo discriminados por todos. O governo, numa tentativa de administrar a situação, começa um programa de remoção do Distrito 9 para uma área fora da cidade. Meta: deslocar 1,5 milhões de aliens hostis. O encarregado de chefiar a tarefa é Wikus Van De Merwe (Sharlto Copley), que acaba contaminado durante o processo e começa a se transformar em um camarão. O mundo inteiro passa a acompanhar sua saga em busca da sobrevivência e da cura para voltar a ser um simples ser humano.
A construção da história pelo diretor Peter Jackson sobre a ótica de um programa de televisão ressalta ainda mais a metamorfose de Wikus. A todo o momento o filme traz referências ao livre de Franz Kafka, A Metamorfose, quando um jovem acorda um dia como um inseto de seis patas. O processo de transformação lento e acompanhado pelos detalhes da hora e local começam a angustiar o espectador. De repente, você se tem a sensação de que tudo é real. Não parece ficção, ainda mais pelo tom dado na fotografia. Tudo é televisivo.
Shalto Copley como Wikus Van De Merwe
A atuação fantástica de Sharlto Copley nos insere ainda mais na trama, levando-nos a acompanhar bem mais de perto. Não há como desgrudar os olhos da telona. Seu desejo pela cura para voltar aos braços de sua mulher e seu medo de virar um camarão são passados de uma forma tão intensa que as unhas dançam ao longo da história tamanha a ansiedade provocada.
O trabalho da edição e da montagem é incrível. O trabalho da sonorização é muito bom também, principalmente com as vozes do camarões, que mais parecem baratas d’água. O ritmo lento no começo da trama, com os depoimentos casados com imagens de arquivos de televisão sobre a chegada dos alienígenas, sendo acelerado com o registro da remoção do Distrito 9 e a contaminação de Wikus, e chegando no clímax com a fuga e a busca pela cura do nosso metamorfo, deixa-nos sufocado e com a respiração ofegante.
