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Verdes campos irlandeses

No palco, show de interpretação de Luiz Furlanetto e Paulo Trajano, dirigidos por David Herman. Eles interpretam cerca de 15 personagens, mas passam a maior parte do tempo como os figurantes Charlie e Jake, que tentam ganhar a féria do dia em meio ao cotidiano da vila, que não se altera (muito). Isso até o clímax, quando surge a justificativa para o nome Pedras nos Bolsos.
A trama vai evoluindo de forma compassada, com picos de emoção graças ao jogo de luzes e uma bela trilha sonora, além dos próprios atores. O cenário simples, mas tão bem aplicado do próprio diretor, nos leva aos campos irlandeses. Todo esse clima ajuda a compor e mudar os personagens, pois não há troca de roupa no palco. Muda-se tom de voz, postura, feições. Os recursos da ótima iluminação de Wilson Reiz ajudam a marcar o momento de trocar. Há diálogos protagonizados pelos atores e seus próprios personagens. E não fica com cara de monólogo. Há um “outro” em cena.
Para quem possui mais curiosidade sobre a peça, ela foi escrita por uma britânica tentando criticar o universo do grande cinema, que esquece a arte pelas gordas cifras financeiras. Pedra nos Bolsos já foi encenada na Broadway, com ótimas críticas. Aqui no Brasil, não está sendo diferente. A montagem do David é de encher os olhos e não deixa nada a desejar.
Serviço
PEDRAS NOS BOLSOS - Comédia
Temporada: de 02 de julho a 29 de agosto
Local: Teatro Poeira - Rua São João Batista, 104 - Botafogo – Rio de Janeiro - RJ
Telefone: (21) 2537.8053
Horário: sexta e sábado às 21 horas/domingo às 19 h
Preço: sexta R$ 30,00/Sab. e dom. R$40,00
Lotação: 180 pessoas
Duração: 80 minutos
Classificação etária: 12 anos
Horário da bilheteria: de terça a sábado de 15h às 21 h e domingo de 15h às 19h
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Mais que bem amado

Com uma interpretação magnífica, Marco Nanini dá vida a Odorico, que se elege com promessas de construção do primeiro cemitério da cidade, mas Sucupira é tão pacata que falta morto. Denúncias de corrupção n a construção do novo lar dos mortos e o desespero de Odorico para enterrar o primeiro morto da cidade dão vida à trama. As perseguições políticas a Odorico dão o time certo para as piadas, além de criar os melhores discursos na melhor aplicação do estilo “estrogonoficamente sensível”. Antes da telona, Nanini deu vida a Odorico no teatro, o que lhe valeu para a criação de novos trejeitos, afastando-o do imortal Odorico de Gracindo.
A trama conta com um desfile de nomes e suas grandes interpretações, com destaque para o novo trio das Irmãs Cajazeiras, formado por Zezé Polessa, Andréa Beltrão e Drica Moraes. Quem também não deixa nada a desejar é Mateus Nachtergaele, dando vida a Dirceu Borboleta, empregado exemplar da prefeitura de Sucupira. José Wilker como Zeca Diabo é outro show de interpretação, mostrando todo o talento de meu conterrâneo.

Odorico e as Cajazeiras
Mas como nem tudo são flores, há a presença de Tonico Pereira como Vladmir, dono do jornal A Trombeta e maior inimigo político de Odorico, responsável por todas as denúncias na sociedade sucupirense. Nada contra o ator, que tem seus méritos, mas me cansa vê-lo em cena. Em minha modesta opinião, ele sempre constrói seus personagens da mesma forma, seja na tevê, cinema ou teatro. Não há grandes diferenças entre Vladmir e Mendonça, de A Grande Família. Exceto pela própria história de seus personagens.
A produção de O Bem Amado conta com Paula Lavigne a frente de tudo. Tanto que a trilha sonora foi toda produzida por Caetano Veloso, seu ex-marido, mas eterno parceiro de trabalho. Novas músicas e novos arranjos dão uma graça e um ritmo para a boa edição da trama. A vontade é de sair direto do cinema para comprar o CD e ficar ouvindo o jingle da candidatura de Odorico, que conta com as vozes de Thalma de Freitas e Nina Becker, musas da Orquestra Imperial.