Já cantava Caetano em Sampa que andar por São Paulo mexe com o coração. Não sei explicar o que é. A energia que paira sobre a cidade, que sai do chão, que se respira, mesmo com toda a poluição suspensa no ar. Acho que o ar lá é tão carregado, que energiza. Volto sempre com as baterias recarregadas.
O engraçado é que sempre faço as mesmas coisas. Andar pela Paulista, comer no Bixiga, explorar a Liberdade. Mas há sempre espaço para o novo, que muda a cada passagem pela megalópole: Mercado Municipal, Ibirapuera, Oca, Pinacoteca, Museu da Língua Portuguesa, Museu do Ipiranga, Anhangabaú, Teatro Municipal, Galeria do Rock.... Não falta o que explorar na terra da garoa.
Devo até ressalvar que somente em minha última ida para aquelas paragens é que me deparei com as famosas gotículas. Fazia tempo que lá só chovia forte. Não é a toa que os alagamentos são constantes. Afinal, floresta de concreto gera micro-clima.
Mas não é disso que quero falar. Quero falar da efervescência cultural que emana pelas ruas. Tenho vontade de ir na Virada Cultural, mas a oportunidade virá. Não que falte coisas do tipo no Rio, cidade que escolhi para morar (hoje). Uma amiga fluminense que está há dois meses em Sampa diz que a cidade é a minha cara. Quem mandou ser cosmopolita!
Não teria o menor problema em morar lá. Explorar melhor os recantos paulistanos. Tenho poucos pecados para com a cidade, como não conhecer o MASP. Conheço o vão, a feira, mas não o prédio. Já vi até projeções naquelas paredes que circunvizinham o museu. Até porque foi a programação da cidade para o Natal. Que, ressalvo, soube embelezar a avenida mais agitada do país.
Queria entender o que as pessoas tem contra São Paulo. Eu não tenho nada, fora o trânsito caótico a que estamos acostumados a ver. Mas é uma cidade que se reinventa nas pessoas, que dão jeitinhos para sobreviver. Ainda bem. Vai que isso vem da época dos bandeirantes, que só dependiam deles mesmos para criar a maior cidade do país. E pensar que tudo começou num pátio.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
domingo, 28 de dezembro de 2008
Auto-conhecimento
Hoje eu quero sair só...
Não demora eu tô de volta
Vai ver se eu tô lá na esquina
Devo estar!
Já deu minha hora
E eu não posso ficar
A lua me chama
Eu tenho que ir pra rua
A lua me chama
Eu tenho que ir pra rua...
Lenine
Não demora eu tô de volta
Vai ver se eu tô lá na esquina
Devo estar!
Já deu minha hora
E eu não posso ficar
A lua me chama
Eu tenho que ir pra rua
A lua me chama
Eu tenho que ir pra rua...
Lenine
Nada melhor para o auto-conhecimento que uma viagem. Ficar sozinho por um tempo. Só você e a imensidão de seus pensamentos. Saiba que vai bater a carência e a dúvida. Por que escolhi este caminho? Por que deixei de fazer aquilo? Tudo grita em sua mente. Perguntas, questões, respostas sem nexo, pierrot retrocesso, meio bossa nova, rock'in roll. Tudo trava. O riso. O choro. Nada sai, mas, ao mesmo tempo, tudo flui.
Não são só as viagens que fazem isso conosco. A própria época do ano. Pensar no que fez, no que deixou de fazer, no que não deveria ter feito... Valorar os acontecimentos. Mensurá-los. Impossível. Por isso que tanta gente se deprime nessa época. Já, que no momento que olhamos para trás, temos que mirar o horizonte à nossa frente, a espera de um novo ano. Ano este que cometeremos acertos e erros. Vamos falhar, isso é fato, mas também vamos vencer.
Uma coisa que sempre gostei de fazer para tentar colocar tudo em ordem foi caminhar. Sair sem rumo, seguindo o vento. Ou mesmo contra. O importante é ir. A lua chama a gente. Quando me vejo, já fui longe. Mas nada que me faça perder o caminho de volta. Se é que há volta. Creio que o caminho é semelhante, mas não o mesmo.
A viagem que comecei a falar no início do post foi a minha do Natal. Mas não quero começar uma lira paulistana. Tudo mudou. A volta para casa. A ausência. A presença. A carência. Tudo isso embaralhou os pesamentos. Tudo deu um nó. Mas, como diz o Lenine, não demora e já estou de volta. Mas sei que quero sair só. Não sem companhia, já que isso não me é um grande empecilho. Quero sair só, sem meus pensamentos, sem ninguém em minha cabeça.
Já me basta o irmão gêmeo siamês grudado em mim, que não me permite fazer certas coisas sozinho. A cirurgia de separação já começou. Fiz um exame preparatório. A meta é que ocorra nos primeiros meses de 2009. Resolução de ano novo: sair só!
Mas, não querendo me alongar mais, termino este post com uma fala do grande conhecedor do amor sem barreiras ou hipocrisias.
“Se o homem soubesse amar não elevaria a voz nunca, jamais discutiria, jamais faria sofrer. Mas ele ainda não aprendeu nada. Dir-se-ia que cada amor é o primeiro e que os amorosos dos nossos dias são tão ingênuos, inexperientes, ineptos, como Adão e Eva. Ninguém, absolutamente, sabe amar. D. Juan havia de ser tão cândido como um namoradinho de subúrbio. Amigos, o amor é um eterno recomeçar. Cada novo amor é como se fosse o primeiro e o último. E é por isso que o homem há de sofrer sempre até o fim do mundo - porque sempre há de amar errado.”
Nelson Rodrigues.
Não são só as viagens que fazem isso conosco. A própria época do ano. Pensar no que fez, no que deixou de fazer, no que não deveria ter feito... Valorar os acontecimentos. Mensurá-los. Impossível. Por isso que tanta gente se deprime nessa época. Já, que no momento que olhamos para trás, temos que mirar o horizonte à nossa frente, a espera de um novo ano. Ano este que cometeremos acertos e erros. Vamos falhar, isso é fato, mas também vamos vencer.
Uma coisa que sempre gostei de fazer para tentar colocar tudo em ordem foi caminhar. Sair sem rumo, seguindo o vento. Ou mesmo contra. O importante é ir. A lua chama a gente. Quando me vejo, já fui longe. Mas nada que me faça perder o caminho de volta. Se é que há volta. Creio que o caminho é semelhante, mas não o mesmo.
A viagem que comecei a falar no início do post foi a minha do Natal. Mas não quero começar uma lira paulistana. Tudo mudou. A volta para casa. A ausência. A presença. A carência. Tudo isso embaralhou os pesamentos. Tudo deu um nó. Mas, como diz o Lenine, não demora e já estou de volta. Mas sei que quero sair só. Não sem companhia, já que isso não me é um grande empecilho. Quero sair só, sem meus pensamentos, sem ninguém em minha cabeça.
Já me basta o irmão gêmeo siamês grudado em mim, que não me permite fazer certas coisas sozinho. A cirurgia de separação já começou. Fiz um exame preparatório. A meta é que ocorra nos primeiros meses de 2009. Resolução de ano novo: sair só!
Mas, não querendo me alongar mais, termino este post com uma fala do grande conhecedor do amor sem barreiras ou hipocrisias.
“Se o homem soubesse amar não elevaria a voz nunca, jamais discutiria, jamais faria sofrer. Mas ele ainda não aprendeu nada. Dir-se-ia que cada amor é o primeiro e que os amorosos dos nossos dias são tão ingênuos, inexperientes, ineptos, como Adão e Eva. Ninguém, absolutamente, sabe amar. D. Juan havia de ser tão cândido como um namoradinho de subúrbio. Amigos, o amor é um eterno recomeçar. Cada novo amor é como se fosse o primeiro e o último. E é por isso que o homem há de sofrer sempre até o fim do mundo - porque sempre há de amar errado.”
Nelson Rodrigues.
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Chances
Faz dias que venho refletindo sobre chances, oportunidades, destino. São tantas coisas interligadas, que as possibilidades só aumentam em progressão geométrica. Para o bem e para o mal.
Mas fiquei pensando em dar uma outra chance para as coisas e pessoas que nos cercam. Quem não queria outra oportunidade de mudar algo do passado. Um não quando queria dizer sim. Um afago em vez de dizer adeus. Eu queria muitas outras chances. Chance para demonstrar o quanto amei, o quando gostei, o quanto foi importante para mim.
E me pego sempre dando essa chance. Mas raramente retribuem. Um telefonema não atendido, uma mensagem não respondida, um e-mail ignorado. Até a mais pura lembrança sem que haja necessidade de lembrarem. De eu lembrar que existo para o mundo.
Porém, isso tudo fica sem qualquer importância quando vejo crianças indefesas que não tiveram (ainda) a chance de ter uma família. Que foram abandonadas pelos pais em um abrigo, ao cuidado de estranhos que sabem amar e compartilhar. É incrível ver nos olhos que alguém te ama tanto e da melhor forma: a incondicional. Te ama simplesmente porque você existe. Vi isso pelos olhos de uma mulher que está na fase final de adoção de um garoto lindo e carinhoso. Em seus dois anos, sofrendo com o abandono de sua família biológica, ele sabe distribuir carinho e, com um sorriso, te conquista. E lá está ele, de cabeça erguida, dando mais uma chance para a vida, para as pessoas que o cercam.
Bem diferente de um outro, maiorzinho, e que mora no mesmo abrigo. Ele já fica mais na defensiva. Não sorri ou brinca de cara. Afinal, quem são esses estranhos que me observam? Quem vem aqui, na minha “casa” e quer interagir comigo? Mas, com o tempo e uns pirulitos, ele se solta e se mostra um garoto cheio de vida, que gosta de correr e de brincar. Que também quer chances da Vida. Vida esta que o privou de uma família modelada pela sociedade ocidental.
Não que o modelo pai-mão-filho(s) seja o melhor ou que isso venha a dar certo. O importante é ter carinho e amor, mesmo que o incondicional, entre os que vieram para estar juntos.
O que pode ocorrer, e tenho medo que isso venha a acontecer comigo, é o ser humano cansar de dar chances. Simplesmente desistir. Isso vale para tudo. Deixar de querer viver, de querer amar. Não se importar em estender a mão e oferecer uma oportunidade para que alguém mude.
Eu quero dar todas as chances que me forem possíveis para tentar viver. Viver bem, com saúde, com alegria, fazendo bem aos que me cercam e, principalmente, amando muito. Bastará ver no meu olhar que dei chance para o coração amar. E, se me derem uma nova chance, vou tentar não cometer os mesmos erros, mas também não tenho como garantir que não irei vacilar.
Mas fiquei pensando em dar uma outra chance para as coisas e pessoas que nos cercam. Quem não queria outra oportunidade de mudar algo do passado. Um não quando queria dizer sim. Um afago em vez de dizer adeus. Eu queria muitas outras chances. Chance para demonstrar o quanto amei, o quando gostei, o quanto foi importante para mim.
E me pego sempre dando essa chance. Mas raramente retribuem. Um telefonema não atendido, uma mensagem não respondida, um e-mail ignorado. Até a mais pura lembrança sem que haja necessidade de lembrarem. De eu lembrar que existo para o mundo.
Porém, isso tudo fica sem qualquer importância quando vejo crianças indefesas que não tiveram (ainda) a chance de ter uma família. Que foram abandonadas pelos pais em um abrigo, ao cuidado de estranhos que sabem amar e compartilhar. É incrível ver nos olhos que alguém te ama tanto e da melhor forma: a incondicional. Te ama simplesmente porque você existe. Vi isso pelos olhos de uma mulher que está na fase final de adoção de um garoto lindo e carinhoso. Em seus dois anos, sofrendo com o abandono de sua família biológica, ele sabe distribuir carinho e, com um sorriso, te conquista. E lá está ele, de cabeça erguida, dando mais uma chance para a vida, para as pessoas que o cercam.
Bem diferente de um outro, maiorzinho, e que mora no mesmo abrigo. Ele já fica mais na defensiva. Não sorri ou brinca de cara. Afinal, quem são esses estranhos que me observam? Quem vem aqui, na minha “casa” e quer interagir comigo? Mas, com o tempo e uns pirulitos, ele se solta e se mostra um garoto cheio de vida, que gosta de correr e de brincar. Que também quer chances da Vida. Vida esta que o privou de uma família modelada pela sociedade ocidental.
Não que o modelo pai-mão-filho(s) seja o melhor ou que isso venha a dar certo. O importante é ter carinho e amor, mesmo que o incondicional, entre os que vieram para estar juntos.
O que pode ocorrer, e tenho medo que isso venha a acontecer comigo, é o ser humano cansar de dar chances. Simplesmente desistir. Isso vale para tudo. Deixar de querer viver, de querer amar. Não se importar em estender a mão e oferecer uma oportunidade para que alguém mude.
Eu quero dar todas as chances que me forem possíveis para tentar viver. Viver bem, com saúde, com alegria, fazendo bem aos que me cercam e, principalmente, amando muito. Bastará ver no meu olhar que dei chance para o coração amar. E, se me derem uma nova chance, vou tentar não cometer os mesmos erros, mas também não tenho como garantir que não irei vacilar.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Explicações
Pessoas, não queria causar decepção, mas estou tão atolado de trabalho e fazendo outras coisas, que não estou com tempo de escrever. Mas meu blog não vai parar por aqui. A fase turbulenta vai se aproximando de seu fim. No final de semana, tudo vai estar resolvido.
domingo, 7 de dezembro de 2008
Indiferença
Depois de dias sem escrever, hoje inauguro o mês de dezembro. Fiquei uns dias sem entrar na internet e outros sem idéias do que escrever. Nem a minha listinha de temas serviu de norte para escrever sobre algo. Mas tem uns dias que venho refletindo sobre o poder da indiferença sobre as pessoas.
A guerra dos sexos é baseada nisso. Fala-se que quanto mais se pisa, mais o outro gruda com chiclete; que são como biscoito; que deve-se ignorar; etc etc etc. Pior que a gente sempre se atrai pela indiferença. Isso não é regra e há exceções. Parece que o gosto da conquista é melhor sobre alguém que não está nem ai para nós.
Não vejo porque relatar experiências minhas, ainda mais quando estou generalizando tudo. Mas olhando para o meu passado, me peguei nessa situação. E também vi que fui indiferente e, pouco depois, conquistado. Porém, devo ressaltar aqui que isso não vale apenas para relacionamentos amorosos. É muito mais comum nas amizades.
Comecei a fazer uma lista e vi que o que eu mais fazia era mendigar amigos. Sempre fui assim. Devo continuar sendo. Sou eu quem liga para chamar para sair, para ir ao cinema, para almoçar. Quantas vezes já passei o final de semana sem receber uma ligação ou mensagem. E ai me pego nas amizades de farra. Sei também que já provoquei motivos para não ser chamado. Você já deve ter feito isso também. Uma furada aqui, uma sumida ali, uma desculpa esfarrapa acolá. Mas isso não quer dizer que não queiramos mais ser chamados.
Conversava, semanas atrás, com um amigo. Falávamos sobre amizades e o poder delas. Ele me disse uma coisa com a qual estou intrigado até hoje. Ele disse que temos apenas seis amigos de verdade. Eles são aqueles que visualizamos carregando o nosso caixão. Achei o papo meio mórbido, mas isso ficou na cabeça. Cheguei a visualizar a cena. Não vi seis. Não vou dizer o número, se foi a mais ou a menos, mas consegui ver quem está além de um choppinho às quintas ou de uma saidinha de final de semana.
O bom de tudo isso foi que eu vi que não devo mais ser indiferente com as pessoas. Até porque nunca fui muito de fazer isso. Faço, com gosto, apenas com quem não vou nem um pouco com a cara. Trato como me tratam. Acho que essa é a melhor forma de se construir boas relações. Fica meio São Francisco, mas é a mais pura verdade.
A guerra dos sexos é baseada nisso. Fala-se que quanto mais se pisa, mais o outro gruda com chiclete; que são como biscoito; que deve-se ignorar; etc etc etc. Pior que a gente sempre se atrai pela indiferença. Isso não é regra e há exceções. Parece que o gosto da conquista é melhor sobre alguém que não está nem ai para nós.
Não vejo porque relatar experiências minhas, ainda mais quando estou generalizando tudo. Mas olhando para o meu passado, me peguei nessa situação. E também vi que fui indiferente e, pouco depois, conquistado. Porém, devo ressaltar aqui que isso não vale apenas para relacionamentos amorosos. É muito mais comum nas amizades.
Comecei a fazer uma lista e vi que o que eu mais fazia era mendigar amigos. Sempre fui assim. Devo continuar sendo. Sou eu quem liga para chamar para sair, para ir ao cinema, para almoçar. Quantas vezes já passei o final de semana sem receber uma ligação ou mensagem. E ai me pego nas amizades de farra. Sei também que já provoquei motivos para não ser chamado. Você já deve ter feito isso também. Uma furada aqui, uma sumida ali, uma desculpa esfarrapa acolá. Mas isso não quer dizer que não queiramos mais ser chamados.
Conversava, semanas atrás, com um amigo. Falávamos sobre amizades e o poder delas. Ele me disse uma coisa com a qual estou intrigado até hoje. Ele disse que temos apenas seis amigos de verdade. Eles são aqueles que visualizamos carregando o nosso caixão. Achei o papo meio mórbido, mas isso ficou na cabeça. Cheguei a visualizar a cena. Não vi seis. Não vou dizer o número, se foi a mais ou a menos, mas consegui ver quem está além de um choppinho às quintas ou de uma saidinha de final de semana.
O bom de tudo isso foi que eu vi que não devo mais ser indiferente com as pessoas. Até porque nunca fui muito de fazer isso. Faço, com gosto, apenas com quem não vou nem um pouco com a cara. Trato como me tratam. Acho que essa é a melhor forma de se construir boas relações. Fica meio São Francisco, mas é a mais pura verdade.
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