quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sarau

Saber que o amor só é amor quando é troca
E a troca só tem graça quando é de graça
Elisa Lucinda

Acredito que, no imaginário popular, a palavra sarau remete logo a poetas malandros que, regados a absinto ou a outro tipo de álcool, entoam suas poesias de memória, como os trovadores e menestréis da Idade Média faziam. Ou mesmo surge a ideia de um grupo de universitários que resolvem promovem um encontro com poemas, prosas e performances. O Aurélio traz três definições: 1- Festa noturna, em casa particular, clube ou teatro; 2- Concerto musical noturno; e 3- Festa literária noturna, especialmente em casas particulares.

Uma coisa é fato, poesia em prosa e prosa poética fazem parte do conjunto. Ver um grupo de pessoas, advindas de várias partes do país, idades diferentes, culturas diferentes, experiências mais que diferentes, reunido em uma sala que remetia a mais bela literatura, cujas anfitriãs proporcionaram momentos de êxtase para aqueles sedentos por cultura. Música, prosa, poema, poesia, trocadilhos, comidinhas, bebidinhas. Tudo na métrica perfeita dos poemas parnasianos.

A luz das velas e a iluminação indireta davam o clima perfeito, a atmosfera tranquila para quem quisesse se aventurar em ler, em declamar, em declarar seu amor e sua paixão aos grandes poetas. Não importasse fossem os mais conhecidos ou mesmo aqueles tímidos, que mostram suas linhas a poucos, que acham que não possuem o dom de versar.

Levantei com uma sensação incrível por ter compartilhado e vivenciado tal experiência única. Não que esta seja a última ao qual me aventurarei, mas foi ímpar. No próximo, que espero ansioso por sua brevidade, já não seremos os mesmos. Poderemos repetir as mesmas pessoas, o mesmo ambiente, a mesma tortinha que tanto fez sucesso, mas não poderemos mais repetir quem realmente somos. No aprendizado da vida, o ser humano transmuta continuamente. Aprende, absorve, questiona, realiza.

Inúmeras ideias vieram à mente enquanto a água morna banhava o corpo. Parecia que estava envolto pelas musas, que inspiravam. Vontade de sair dali e pegar o papel para escrever o que vinha à mente. Deixar para depois nunca é bom. A inspiração é como a oportunidade: passageira. Na próxima: anotar no que estiver ao alcance das mãos, mesmo que tremulas ou úmidas.

Com todos os Carlos, Elisas, Fernandos, Clarices, Sergivais, Lauros, Marcos, Joãos, Pedros, Luis, Mários, Marisas, poetas concretos e aventureiros, uma bagunça no quarto, um coração a rifar, o medo, as músicas, as emboladas, o sorriso de se estar em algo mágico. Este sim foi o grande convidado na noite, por mais que os versos e linhas nos levassem a momentos tristes, logo ele estava de volta, firme e forte. Era visível até no olhar, que iluminado pela luz das velas, refestelava-se na poesia que tomou conta do ambiente e da alma de todos.

domingo, 13 de setembro de 2009

Síndrome dominical

Outro dia, conversa com um amigo que várias de nossas questões pessoais ressurgiam sempre no início da noite dos domingos. Coincidência? Acreditamos que não. Na verdade é uma síndrome. Síndrome do Domingo a Noite. Todas as carências, mazelas e afins se manifestam ao escurecer do dia do descanso. É saber que o final de semana nem foi tão produtivo assim e que a semana já vai começar sem grandes resultados. Não importa se vai ter uma super-hiper-mega-master-ultra semana. A questão é no caráter pessoal. Na intimidade do ser.

Saber que não há um ombro para enconstar no sofá e ver TV ou um filme em DVD. É ir ao cinema sozinho e ver a fila de casais comprando o ingresso para a mesma sessão que você. É ver amigos planejando passar na casa dos pais do(a) namorado(a). É sentir inveja (branca) de estar sozinho. Quando isso acontece, nada te interessa: livro, filme, TV, nada. A paciência para certas coisas se esgota. Você simplesmente não sabe o que fazer.

Uma coisa é certo: nem todos os domingos são assim. Mas, quando aquele incômodo de não sei o que é começar no domingo a tarde, prepare-se. Mas uma crise chegando. E não desconte em comida. Resista à tentação das guloseimas. O melhor é tentar encontrar algum amigo, isso se estiver a fim de ver alguém, porque até nisso a síndrome ataca.

Mas não se preocupem, na segunda-feira, tudo já passou. E mais uma semana começará. E com mais um domingo no porvir.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Terra: um organismo vivo?

Faz algum tempo que venho pensando na pergunta acima. Não sei se alguém já escreveu algo sobre e não pesquisei no Google. Mas sempre me indaguei se a Terra poderia ser considerada um organismo vivo e nós, os seres humanos, seríamos algum tipo de bactéria ou vírus. Quem sabe até mesmo uma célula cancerígena. Nunca perdi meu sono com relação a isso, mas resolvi escrever e ver se esta teoria tem certo fundamento. Lembrem-se que aqui é um leigo (e maluco?) quem está escrevendo.

Nem sei ao certo por onde começá-la, mas creio que o melhor seria comparar mesmo a um organismo vivo, com seus órgãos e reações frente às intempéries da vida. Não teria uma cabeça, cérebro ou algo do gênero mais definido, até por estarmos sujeitos à influências externas, como o sol e sua radiação térmico-luminosa, a lua e sua gravidade (que também recebemos de outros astros) e as outras energias e eventos cósmicos.

Na verdade, o que me levou mais a escrever este texto foi ver o mal que estamos fazendo à Terra e se as catástrofes naturais não seriam uma resposta do “organismo” contra às “bactérias”. Elas seriam como os anticorpos tentando evitar um mal maior. E devido à nossa poluição, ela estaria com febre (o efeito estuda), demonstrando estar infectada. Não sei para vocês, mas esta maluca teoria faz um sentido na minha cabeça.

Temos diferentes reações a infecções, sejam virais ou bacterianas. A Terra também teria. Seria uma tentativa de eliminar o que vem crescendo e incomodando ao longo dos anos. Assim como precisamos de certas bactérias em nosso organismo, o planeta também precisa. Porém, quando alguma começa a tomar grandes proporções, elas causam problemas e seguimos para o autocontrole da “praga”.

É meio difícil construir essa teoria apenas baseado em certas observações e sem conhecimento técnico de áreas biológicas. Também sem muita leitura. Mas a mensagem mesmo deste texto é atentarmos para os problemas que estamos causando ao planeta e as consequências que trazemos inclusive para a nossa própria sobrevivência. Coisas básicas e simples para ajudarmos o ambiente já valem e vão se refletir mais à frente. Que vivamos bem o presente, mas sabendo que ele é intangível e que precisamos mesmo garantir o futuro, para que ele venha e viva-se um bom presente.