terça-feira, 14 de julho de 2009

Diploma: você não vale nada ... mas eu gosto de você

Injustiça da Justiça. É assim que vejo a forma como o Supremo Tribunal de Justiça, órgão máximo da jurisprudência no Brasil, determinou o fim da exigência de diploma para jornalistas no país. Sei que não é o fim do curso, mas é o começo de uma série de problemas que a categoria começará a enfrentar. Afinal, é como se rasgassem o nosso diploma.

Já passávamos por questões delicadas, com os baixos salários e as incompreensíveis cargas-horárias (acho que não caiu o hífen), a que éramos submetidos. Tenho medo de que comece a Era do Vai Cobrar Quanto. Pretensão salarial e luta de categoria já não existe mais, pois qualquer um que saiba ler e escrever poderá ser um jornalista em potencial. Com blog e twitter então, nem se fala. Vamos ser submetidos ao ou recebe pouco ou fica sem emprego (ou seria subemprego?). Pior que já começou a pilhagem em concursos públicos.

Peço desculpas aos que sabem ler e escrever e que são jornalistas em potencial, mas meu desabafo não vai contra vocês. Viva a liberdade de expressão. O lance de ser jornalista é uma profissão como outra qualquer, com suas regulamentações e etc. Nunca faltou espaço para que qualquer pessoa pudesse se manifestar: cartas, artigos, colunas ... e por ai vai. Com o avanço tecnológico, tudo isso foi multiplicado por N. A cada dia que passa, novas possibilidades e plataformas surgem.

O senhor ministro e relator do processo foi infeliz em comparar profissões que não possuem uma relação sequer. Sei que para alguns profissionais não há exigência de diploma. Mas há cursos e especificações que eles devem fazer e seguir. Gostaria sim que houvesse regulamentação para as profissões que o ministro julga que não precisem de diploma (falaram em mais de 100).

Mas, caso os nossos (in)justos homens de poder julguem desnecessários o diploma, gostaria de ver uma profissão no meio dessa lista, pois para mim basta saber ler e interpretar texto. Afinal, o bacharel em Direito passa cinco anos na faculdade estudando as leis e os códigos. Qualquer um que se dedique a isso de forma autodidata poderia ser um advogado. Bastaria ter o direito a fazer a prova da Ordem dos Advogados do Brasil.

Será que veremos isso? Ainda mais num universo do corporativismo de classe que mantém a mesma estrutura para a formação em Direito e cujos formados reprovam a prova da OAB em taxas alarmantes de 80% (ou até mais). Fico decepcionado com os rumos que nossos gestores conduzem este país. E o mais engraçado é que eles falam de ética do jornalista, mas esquecem que ética mesmo ninguém aprende na faculdade. Já vem de berço. Afinal, podemos achar picaretas em qualquer profissão.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Tentativas de entender a alma humana

A cada de dia que passa, deparo-me com situações que colocam em prova a alma humana, seja para o bem, seja para o mal. Não são somente em notícias sobre feitos realizados pelo homem, mas são as situações circunvizinhas de minha própria pessoa, inclusive as minhas. Qualidades, defeitos, virtudes, desvios... devaneios.

Como pode o homem ser tão volúvel, a ponto de nunca saber o que realmente se quer para os tracejados de sua própria vida. Às vezes, queremos tudo ao mesmo tempo agora. Ou não queremos nada, nadica de nada. Ou simplesmente não sabemos o que queremos, que é o mais comum de nossa “bendita” psiquê.

E o pior é saber que determinadas atitudes acabam atingindo o outro, o famoso próximo, mesmo que não tenhamos a intenção.

Acredito que isso é mais comum do que pensamos por um único motivo: não somos sinceros com nós mesmos desde o início. Não o nosso início de vida, mas do comecinho da coisa. Na primeira conversa, no primeiro beijo, no primeiro toque. E o pior é que mesmo sabendo que estamos mentindo para nós mesmos, criamos um personagem que comete as “nossas” atitudes. Pois só estando fora de si para tal coisa, pensamos nós.

O que custa levantar, mirar o espelho e ser sincero com seus próprios sentimentos? Por que o medo de dizer para si mesmo o que sente, o que quer? Não sei se sou exceção ou se estou na tentativa de ser, mas tenho procurado me empenhar ao máximo em saber o que quero. E não tenho tido muitas dúvidas. Quando as tenho, é por medo da reação alheia, pois tenho me conhecido tão bem que já consigo visualizar o porvir de minhas reações (Será que sou o escolhido?).

O processo de autoconhecimento é a melhor forma para conhecer o outro, mesmo sabendo que este é cada vez mais surpreendente e imprevisível. O que deixa sempre uma pontinha de medo sobre o que dizer, o que fazer, como se comportar, como amar. E que, por mais experiências que se tenha, por mais conhecimento que se adquira, sempre vamos nos deparar com as situações mais inusitadas e inesperadas, que nos pegam de calças na mão e nos deixam sem chão.

Fazemos o que então? Continuemos a viver, pois não a nada que o tempo não cure, que não saibamos conviver e aprender, que não possamos suportar, já que, no geral, nós não sabemos mesmo o que ser.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Desculpas

Gostaria de pedir desculpas por ter abandonado o blog, mas nos últimos meses foram tantas coisas que acabei não tendo tempo de escrever, apesar de inúmeras inspirações. Mas pretendo voltar com a carga toda.

Vamos que vamos!!!!

Homenagem a uma grande amiga

Ilógico
Por Luis Augusto Nobre, 01.junho.2009

Não imaginava que um dia fosse escrever algo sobre uma pessoa que estava em minha vida e, de repente, já não pertence mais a este mundo. O duro foi aguentar tudo isso longe de casa e dos amigos que a amavam tanto quanto eu.

Bem, o que dizer da Adriana? Primeiro, que vou sentir falta dos seus jargões: Ilógico, Caraças, Gente, Hilário. Até porque tudo o que você poderia imaginar de estranho ou inusitado, acontecia com a Dri. E o melhor era ver o sorriso, ouvir o riso e o som saindo e construindo a palavra: HI – LÁ – RI – O. Quando coisas esdrúxulas aconteciam comigo, logo vinha a voz, ou melhor, vem a voz dela na cabeça. Uma que veio de cara foi quando tive que fazer uma conexão em Nova York e esqueci de tirar os líquidos da bagagem de mão. O cara da revista deu um tapa na minha mão porque eu quis mexer na mochila antes dele, até para ajudar.

O buraco no peito está grande. O vazio é frio e não tem chão. Como vai ser o dia a dia sem a Adriana para conversar. Os almoços estranhos nas Americanas, a correria para pegar uma sessão de cinema depois do trabalho, a busca por ingressos. Como vamos viver sem o nosso contrabando de boa qualidade (mais uma história hilária dela).

Eu sempre memorizo a primeira vez que falo com uma pessoa. Lembro com riquezas de detalhes que chegam a assustar. Mas não consigo me lembrar de quando conheci a nossa Dri. Acho que é porque toda vez que saíamos, eu a estava conhecendo pela primeira vez. Sempre tinha algo novo na holandesa que chegou ao Brasil nos seus primeiros anos de vida; que morou no Rio de Janeiro sua vida inteira e que amava esta cidade; que passou uma temporada em Belo Horizonte; que sempre soube aproveitar a vida, com ou sem planejamento.

Jornalista como eu, Adriana não exercia a função. Mas fazia uma coisa muito bem: relacionar-se. Nunca vi ninguém com uma network e com uma “netfriends” tão grande. Conhecia todo mundo, fosse conduzindo comitivas, fosse numa pizzaria. Não havia ninguém que não se apaixonasse por ela. Aprendi muitas coisas com a moça de cabelos negros e olhar profundo.

Adriana também era moça de muitos segredos. O maior dele era a idade, que infelizmente descobrimos da pior forma possível. Recatada, ela não curtia dividir sua vida pessoal com qualquer um. Nunca demonstrava o que estava sentindo, por maior medo que tivesse. Não queria “intrusos”, mesmo que estes fossem grandes amigos e companheiros. Mas quem a conhecia um pouco mais, conseguia “ler” seus pensamentos e aflições.

Escrever estas palavras em um saguão de aeroporto, longe de casa, da família, e dos amigos, não é nada fácil. A vergonha de chorar em público. O medo de demonstrar sentimentos. País estranho. Pessoas estranhas. Lembro das várias vezes que falávamos sobre minha viagem. Melhor, sobre viagens.

Fiquei surpreso ontem, domingo, 31 de maio, quando li seu e-mail dizendo que ia para a Coréia do Sul. Fiquei chocado quando vi na TV, hoje pela manhã, a notícia sobre o desaparecimento do voo da Air France que saiu do Rio de Janeiro com destino a Paris e conexões. Logo tudo se conectou em minha cabeça. Estava para mandar uma mensagem perguntando sobre o voo da Adriana quando recebi outra dizendo que ela estava na aeronave. Na hora me veio uma das histórias dela, quando estava na Esso, na época do acidente com o Fokker 100 da TAM. Rezei para ela ter perdido o voo. Rezei para ser um engano. Rezei para que fosse falha mecânica e viesse a confirmação de que a aeronave posou em Paris no horário previsto. Rezei para que ela estivesse bem e em paz, onde quer que fosse.

Adriana tinha medo de voar, mas amava viajar. Ainda mais de surpresa. Decidia na quinta que viajaria para o Leste Europeu no domingo. Decidia dois dias antes que entraria de férias e iria passar o Natal com as irmãs na Holanda. Mas o medo era tão grande que chegava a segurar a mão do chefe durante uma turbulência (mais uma história).

A animação dela contagiava. A inocência também. Mas burra ela não era. Tinha inteligência acadêmica e da vida. Apesar dos tamancos holandeses e do sangue mineiro, sabia muito bem rodar a baiana. Não descia do salto, até porque não gostava. Mas sabia muito bem se impor. Voz firme e muita atitude.

Não sei se me perdi nas palavras, mas queria compartilhar com todos o que a mágica da Adriana fazia e ainda faz. Não sei se a expus, coisa que não gostava, mas quero que entendam este relato-desabafo como uma demonstração de carinho por uma mulher que me apaixonei (como amigo) desde o primeiro contato.

Adriana, onde quer que você esteja, saiba que vamos continuar a te amar (pelo menos, eu vou sempre amá-la).